terça-feira, 19 de maio de 2009

Os carros de 67: BRM P-115

Caminhão, ônibus, barcaça e banheira. São essas as comparações mais usadas para descrever a BRM-P115, deixando claro que seu ponto forte (se é que existe algum) não é o peso.

Jackie Stewart teve que lutar para conseguir controlar sua P115
depois de um salto em Nürburgring.

Derivada da BRM-P83, a P115 foi usada apenas por Jackie Stewart na segunda metade da temporada de 67, e mesmo sendo 70Kg mais leve que a P-83, ainda pesava 625Kg, quando o limite mínimo da categoria eram 500Kg. Seu motor H-16 (não é erro de digitação, é H mesmo) era basicamente dois blocos V-8 de 1,5l montados juntos e rendia aproximadamente 400 HP, porém tinha pouquíssimo torque, era muito complexo e pouco confiável, além de ser muito pesado. Se alguns pilotos da GPL Brasil consideram a BRM um navio, Jackie Stewart, o principal piloto da equipe em 67, surgeriu que o motor poderia ser usado como âncora.

O complexo e pesado motor H-16, formado por dois V-8.

O carro, em si, não é ruim. Em pistas velozes ou nas mãos de pilotos rápidos pode ser levado à boas posições. Hamilton Amorim fala sobre a máquina: "Acho gostoso de guiar, mas é muito lento... o motor tem um som muito legal, é a melhor característica carro, que tem uns detalhes bonitos". Já o veterano Caio Lucci deixa claro seu ponto de vista. "É um caminhão com um motor meia boca. Não sei se tem pontos positivos nesse carro" enquanto o também veterano, Sérgio Henrique, indaga: "Isso é um carro?".

John White escolheu a BRM para a primeira etapa do campeonato de 2009.

Há ainda outros pilotos que gostam do carro. Onyas Claudio prefere ver o lado positivo, mesmo admitindo os problemas, ele diz que guiar a BRM pode ser "Um grande aprendizado antes de partir para os carros melhores", e o experiente Otávio Silveira fala que "Em pistas planas, quando bem acertado, é um exelente carro para pilotar".

Em 1967, Stewart terminou a corrida de Spa-Francochamps na segunda posição depois de liderar e ter problemas com o câmbio e o GP da França em terceiro, abandonando todas as outras provas da temporada. Na GPL Brasil, Felipe Gamper ganhou os GPs da Bélgica e de Snetterton à bordo da BRM, mas o maior feito do carro foi a dobradinha de Felipe e Leo Menegucci no Grande Prêmio da Inglaterra, disputado em Silverstone.

Felipe Gamper fez melhor que Stewart e levou a BRM à vitória em Spa.

É difícil chegar a um acordo quando o assunto é BRM. O carro é pesado e potente. Alguns a acham feia, outros gostam de suas linhas, uns odeiam o som do H-16, outros acham o mais bonito de todos.

Diz o ditado que gosto não se discute, porém o que não se discute mesmo, é que pilotar a BRM-P115 é um dos maiores desafios do Grand Prix Legends.

8 comentários:

Raoni Frizzo disse...

Espetacular o texto Edu! Muito bom mesmo cara!

O foda da BRM mesmo é o excesso de peso, fora que o H16 bebe demais. Até parece que eles fizeram nas coxas esse motor de 3 litros, juntando dois V8.

Mas nem tudo é ruim no carro. Em longas retas ele desenvolve uma velocidade boa, e depois que você consegue domá-lo fica bem divertido de guiar.

Eduardo Gaensly disse...

Eles usaram raciocínio lógico.
Se tinha um motor de 1,5l, pq não juntar dois deles e fazer um de 3?

Mas era esse tipo de maluquice que fez a F1 ser o que é hoje. Quantos não liveram idéias loucas também?
Só que umas davam erradas, outras davam certo, e outras muito certo.

Valeu a tentativa dos caras...

Anônimo disse...

Belo post! É o que se espera de um blog como este.

Gosto muito do jogo ,acho o BRM um carro gostoso de pilotar ,é preciso ser suave com ele ,o peso muito na traseira não aceita pilotagem muito agressiva.O grande problema é a falta de torque ,tipica de um multicilindros ,nas saidas de curvas apertadas e na largada esse problema se torna grave.
Mas em pistas velozes o carro se comporta bem principalmente em curvas velozes, o ponto positivo é o cambio de seis marchas .

Quanto ao mundo real o H16 não foi uma ideia tão ruim ,o problema maior foi a sincronização dos dois girabrequins ,isso tomou muito tempo e dinheiro da equipe e só a Rolls Royce conseguiu colocar o motor no ponto, mas muito tempo se passou e seu desenvolvimento ficou muito prejudicado.
De qualquer forma a vitoria da Lotus 43 com o motor H16 da sinais de que não era um desastre como se pensava ,o problema é que o novo V12 da marca era muito mais leve ,simples e barato .

Jonny'O

Eduardo Gaensly disse...

Legal Johnny'O. Essa da Rolls Royce eu não sabia não.
E realmente, o motor teve uma vitória com a Lotus em Watkins, em 66.
E se formos pensar, hoje em dia o Bugatti Veyron tem o motor W16, que são basicamente dois V8 também, só que lado a lado.

Raoni Frizzo disse...

Também não sabia dessa informações que o Jonny'O comentou aqui. Muito legal ver o que havia por trás desse desenvolvimento e quais eram os problemas do motor.

MAs como vocês disseram, a intenção de unir dois 1,5 litro era muito boa, porque o motor da BRM de 1,5 litro era excelente, tanto que em 1965 a equipe conquistou vitórias e no Mod 65 é um dos melhores carros pra se guiar.

Uma pena que o H16 não tenha dado tão certo, porque o ronco é muito legal, e o fato do carro ter 6 marchas também deixa a pilotagem mais bacana também

Anônimo disse...

Com relação ao som do motor ,ainda acredito que se trata do V16 da BRM de 1951 e não o H16 .

Esse é um dos fatores que o diferencia tanto dos demais ,no inicio da decada de 50 todos os motores tinham esse som bem mais grave .

Na propria internet há varios sounds para o H16 ,todos que achei até agora são do V16 da decada de 50 .

Por fim ,a unica vez que escutei realmente o H16 foi no filme Grand Prix ,e o som é mais agudo.

Jonny'O

Unknown disse...

muitos detalhes eu também não sabia ou não lembrava, mesmo tendo vivido esse momento também no Fórmula GP2, hehe

Quanto ao som, totalmente natural que seja o mais exclusivo de todos, mas se realmente muitos usaram o V16, é uma pena, não pelo som, mas pelo fator realidade, gostaria de um dia ver o BRM de 1951 correndo no GPL.

Por sinal, o câmbio de 6 marchas não é por acaso. Como os engenheiros sabiam das limitações desse motor, decidiram tentar compensar com a implementação de uma marcha a mais.

Com esses comentários, a postagem do Eduardo ficou ainda mais interessante mesmo.

Otávio

André disse...

Olá Edu, também sou um fã do GPL, apesar de como piloto de GPL, ainda tenho muito o que aprender, mas comentando sobre o texto, acredito que o motor "H" não venha de dois motores "V", mas sim de dois "Boxster", quanto a BRM, acho um carro legal de guiar, tem seus lados positivos, apesar de ser um pouco mais lenta, costumo me divertir guiando ela, do cambio de 6 marchas, além de gostar da pintura e do som dela (acho um dos mais agradáveis entre os carros do GPL).

Costumo até me divertir com ela, correndo contra o AI de forma mais descommpromissada.

Quem sabe daqui um tempo, me junto a vocês em corridas, e talvez até começando pela BRM.
E boas corridas a todos.