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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Os carros de 67: Honda RA300

A temporada de 1967 ainda apresentava resquícios da mudança nas regras de 65 para 66, principalmente o aumento no limite da capacidade dos motores, de 1,5 para 3 litros, e isso ainda causava mudanças de carros no meio da temporada. Foi assim com a BRM, como já vimos num post anterior, com a Lotus, que veremos nalgum post futuro, e com a Honda.

Muitos achavam que John Surtees seria o homem a ser batido em 67 com a Honda RA273, a realidade, porém, foi diferente. O carro pesava quase 700Kg e tinha oponentes 200 quilos mais leves. Nem mesmo o ótimo piloto britânico poderia fazer muita coisa com o carro.

Surtees, em Mônaco com a RA273 pouco antes do motor quebrar.
Repare que já há fumaça saindo do carro.

Foi apenas faltando três provas para o fim da temporada que o carro japonês disponível no GPL ficou pronto. A Honda RA300 era 100Kg mais leve que sua antecessora e portava o mesmo motor V12 que produzia fantásticos 420 HP. O timing não poderia ter sido melhor, pois o carro estreou justamente em Monza, uma pista que, historicamente, favorece os carros potentes. Foi quando John Surtees, com toda sua habilidade e muita sorte conseguiu vencer sua única corrida em 1967. E que corrida! Mas vamos com calma caro leitor, teremos um post inteiro no futuro para discorrer sobre o GP italiano. Vamos nos conter, por hora, ao carro nipônico.

John Surtess passa à frente de Bruce McLaren em Monza, corrida que o britâncio ganharia.

Sua relação peso/potência é melhor que a da Brabham(!), porém o peso excessivo influencia negativamente nas curvas, como explica Otávio Silveira. "Em linha reta costuma ser muito rápido (vejam Spa e Monza) porém instável em frenagens e curvas. Assim como a BRM, dá muito trabalho em circuitos ondulados." Com certeza, a Honda não é o carro dos sonhos de nenhum piloto. Seja pela falta de história, quando comparamos com Lotus ou Ferrari, seja pela dificuldade de controlar o carro, como diz Raoni Frizzo "O motor é um verdadeiro foguete, mas o carro é muito pesado. O arranque é sofrível. Também é um pouco nervoso." ou seja simplesmente por ser uma Honda, que aparentemente é o que fez com que Hamilton Amorim tenha evitado o carro."Acho ele bonito, com aquelas curvas de escape, mas pra mim é o mais desinteressante".

A temporada atual da GPL Brasil viu a RA300 conquistar sua primeira vitória nas mãos do argentino Nico Fontana, justo na etapa inicial, em Kyalami, que passou a corrida toda sendo perseguido de perto por Dener Silveira, também com a Honda! Algo que contradiz o que muitos pensam do carro branco e vermelho.

Nico Fontana ultrapassa uma Eagle no fim da reta em Kyalami rumo à vítória.

Convenhamos, poucos sabem que a Honda competia na F1 em 1967, poucos sabem que ganharam duas corridas nos anos 60 (a primeira foi em 65, no México) e poucos conseguem imaginar o esforço da empresa de Soichiro Honda ao enfrentar, em solo basicamente europeu, os gigantes nomes da época muito antes de produzir as carroças pilotadas por Barrichello e Button em 2008 e 2007.

Esse é o grande barato do Grand Prix Legends! Poder simular uma corrida da época em que o que tomava conta das manchetes automobilísticas não era a política, e sim o espírito competidor que construtores, mecânicos e pilotos demonstravam.

Anderson Lopes escolheu a Honda RA300 para disputar o GP de Watkins Glen.

A Honda RA300 pode até ser o carro "mais desinteressante", "instável em frenagens e curvas" e ter um "arranque sofrível", mas tenha certeza de que, depois de muito treino, quando você consegue igualar, à bordo da honda, um tempo feito com algum outro carro em qualquer pista, você se sente como um John Surtees.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Os carros de 67: Eagle-Weslake T1G

Certamente um dos melhores carros da temporada de 67, a Eagle-Weslake T1G trouxe ao americano Dan Gurney sua única vitória na Formula 1 e também, a única vitória de um carro construído nos EUA. O chassis, oficialmente chamado Eagle Mk1, foi criado em 1966 e estreou com um motor Coventry Climax de quatro cilindros e 2,7 litros, que foi posteriormente substituído pelo motor Weslake, de três litros e que chegou a produzir 410 HP.

Denner Silveira à bordo Da T1G na famosa reta Mulsanne, em Le Mans.
Seria a primeira vitória do veloz piloto.

Em 1967, Gurney ganhou a Race of Champions, disputada em Brands Hatch, chamando a atenção de todos. Pouco depois, com o chassis 104, feito com ligas de titânio e magnésio, o americanno conquistou o GP da Bélgica de 67, disputado em Spa-Francochamps, depois que Jim Clark e Jackie Stewart abandonaram a corrida.


Dan Gurney leva sua Eagle para a vitória no GP da Bélgica de 1967.

Dan Gurney conseguiria apenas mais um pódio no GP do Canadá, chegando em terceiro na corrida disputada debaixo de chuva, porém, foi no Grande Prêmio da Alemanha, no famoso Nürburgring, que a Eagle mostrou seu altíssimo potencial, quando depois de Jim Clark abandonar com sua Lotus, o americano abriu pouco mais de 40 segundos de vantagem para o segundo colocado e bateu o recorde da pista por diversas vezes antes de abandonar faltando apenas duas voltas para o fim da corrida.

Em uma corrida exepcional, Gurney literalmente voou com a Eagle e
abriu uma larga vantagem na liderança antes de abandonar.

O que não falta para o T1G são elogios dos pilotos da GPL Brasil. O veteraníssimo Sérgio Henrique, conhecido pela sua paixão ao carro americano é suspeito, mas junta as qualidades de outros dois carros "Rápido como a Lotus, confiável como a Brabham, acho o melhor carro.". Dener Silveira, que já ganhou uma corrida com o carro, também declara seu amor à Eagle "É um carro a parte. Muito bruto, seu chassis é bom mas exige uma pilotagem mais arcaica, além dos freios ruins, na saída da curva vc enfia o pé e bota ela onde der e pronto, o motor é um show, na reta não tem pra ninguém, é um carro que se vc souber pilotar tem como chegar na Lotus.".
Finalmente, o engenheiro Otávio Silveira (que, acredito eu, não tem parentesco com Dener) tece comentários sobre o carro da Anglo American Racers "Um foguete! Em pistas velozes é imbatível devido ao seu motor potente aliado a uma excelente retomada de velocidade, mesmo não sendo o mais leve dos carros. É um carro com distância entre eixos maior, o que o torna estável mas ao mesmo tempo o torna mais lento em curvas de baixa velocidade.".

Dan Gurney luta para controlar seu carro no piso molhado do GP do Canadá.

Dan Gurney conquistou apenas uma vitória com a Eagle em corridas da Fórmula 1. Um fato curioso é que, na GPL Brasil, apenas um piloto conseguiu mais de uma vitória com esse carro. Rica Ramos foi o primeiro a levar o "foguete" azul e branco à vitória em 2007, no México. Ico Oliveira coroou seu título, conquistado na prova anterior, com uma vitória em Nürburgring, a última etapa da temporada de 2007.
Em 2008, apenas depois que os velozes John White e Dener Silveira, estreantes, mudaram para a equipe que os resultados começaram a aparecer, dominando as últimas corridas da temporada. Em Interlagos, John conquistou sua primeira vitória na liga. Na penúltima corrida, diputada em Le Mans, foi a vez de Dener ganhar, com John em segundo, fazendo a primeira e única dobradinha da Eagle, e na etapa seguinte, John White tornou-se o único piloto a ter duas vitórias com a Mark1.

John White fechou a temporada de 2008 com sua segunda vitória na
liga, também com a Eagle.

A temporda de 2009 vai para sua quinta etapa, e até agora o carro de Dan Gurney não obteve nenhuma vitória. Será que White vai conquistar sua terceira vitória com o mesmo carro? Os outros pilotos conseguirão fazer valer o potencial do carro e leva-lo ao lugar mais alto do pódio? Ou as vitórias continuarão a ser esporádicas para a bela máquina americana? Quando se escolhe a Eagle-Weslake T1G para correr, não tem como errar. É um ótimo carro.

Um raio-X da Eagle-Weslake T1G.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Os carros de 67: BRM P-115

Caminhão, ônibus, barcaça e banheira. São essas as comparações mais usadas para descrever a BRM-P115, deixando claro que seu ponto forte (se é que existe algum) não é o peso.

Jackie Stewart teve que lutar para conseguir controlar sua P115
depois de um salto em Nürburgring.

Derivada da BRM-P83, a P115 foi usada apenas por Jackie Stewart na segunda metade da temporada de 67, e mesmo sendo 70Kg mais leve que a P-83, ainda pesava 625Kg, quando o limite mínimo da categoria eram 500Kg. Seu motor H-16 (não é erro de digitação, é H mesmo) era basicamente dois blocos V-8 de 1,5l montados juntos e rendia aproximadamente 400 HP, porém tinha pouquíssimo torque, era muito complexo e pouco confiável, além de ser muito pesado. Se alguns pilotos da GPL Brasil consideram a BRM um navio, Jackie Stewart, o principal piloto da equipe em 67, surgeriu que o motor poderia ser usado como âncora.

O complexo e pesado motor H-16, formado por dois V-8.

O carro, em si, não é ruim. Em pistas velozes ou nas mãos de pilotos rápidos pode ser levado à boas posições. Hamilton Amorim fala sobre a máquina: "Acho gostoso de guiar, mas é muito lento... o motor tem um som muito legal, é a melhor característica carro, que tem uns detalhes bonitos". Já o veterano Caio Lucci deixa claro seu ponto de vista. "É um caminhão com um motor meia boca. Não sei se tem pontos positivos nesse carro" enquanto o também veterano, Sérgio Henrique, indaga: "Isso é um carro?".

John White escolheu a BRM para a primeira etapa do campeonato de 2009.

Há ainda outros pilotos que gostam do carro. Onyas Claudio prefere ver o lado positivo, mesmo admitindo os problemas, ele diz que guiar a BRM pode ser "Um grande aprendizado antes de partir para os carros melhores", e o experiente Otávio Silveira fala que "Em pistas planas, quando bem acertado, é um exelente carro para pilotar".

Em 1967, Stewart terminou a corrida de Spa-Francochamps na segunda posição depois de liderar e ter problemas com o câmbio e o GP da França em terceiro, abandonando todas as outras provas da temporada. Na GPL Brasil, Felipe Gamper ganhou os GPs da Bélgica e de Snetterton à bordo da BRM, mas o maior feito do carro foi a dobradinha de Felipe e Leo Menegucci no Grande Prêmio da Inglaterra, disputado em Silverstone.

Felipe Gamper fez melhor que Stewart e levou a BRM à vitória em Spa.

É difícil chegar a um acordo quando o assunto é BRM. O carro é pesado e potente. Alguns a acham feia, outros gostam de suas linhas, uns odeiam o som do H-16, outros acham o mais bonito de todos.

Diz o ditado que gosto não se discute, porém o que não se discute mesmo, é que pilotar a BRM-P115 é um dos maiores desafios do Grand Prix Legends.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Os Carros de 67: Cooper T81b

Já conhecemos os pilotos e as equipes do Campeonato de 2009 da GPL Brasil. Agora chegou a hora de conhecer as máquinas que esses ases pilotam nas pistas. Nada mais justo do que começar com o carro escolhido pela maioria para disputar a etapa de Mônaco. A Cooper T81b.

Jochen Rindt com sua Cooper em Mônaco, 1967.

Considerado por muitos o carro mais fácil de pilotar (e o mais feio) de todos os sete disponíveis, o T81b tem ótima estabilidade em curvas, porém peca por ter um motor pouco potente. O propulsor Maseratti V-12 com apenas 350 HP é muito fraco quando comparado com os motores dos carros concorrentes.

O campeão Raoni Frizzo deixa claro seu sentimento com o carro. "Fácil de pilotar! É leve e estável. Mas o motor é o lixo ao quadrado, em pistas de alta parece até um carro de outra categoria". Um dos estreantes da GPL Brasil em 2009, Onyas Claudio, também esboça críticas ao motor. "É tão equilibrado quanto a Brabham, só que bem menos competitivo. Muito por causa de seu motor". Mas Onyas vê alguma qualidade no carro, justamente pela estabilidade e falta de potência. "Ideal para quem quer começar no mundo de GPL.".

Felipe Gamper e seu belo Cooper vermelho no GP do México disputado em 2008. Felipe acabaria vencendo essa corrida.

O vice-campeão da temporada passada, Otávio Silveira concorda com Onyas e dá um depoimento mais técnico sobre o carro, comparando-o com alguns concorrentes. "Tem como seu ponto mais forte o desempenho em pistas travadas. Seu motor em pouco ajuda em pistas rápidas, porém em média rotação pode até oferecer mais potência que Eagle, Honda ou BRM. Além disso é um carro estável, podendo o piloto se concentrar mais em fazer a sua volta mais rápida. O melhor carro para iniciantes."

Na temporada de 1967, o Cooper T81b ganhou a primeira corrida da temporada em Kyalami, com o mexicano Pedro Rodrigez ao comando. Na história da GPL Brasil, Felipe Gamper levou o Cooper à vitória diversas vezes e o argentino Nico Fontana saiu com a vitória do principado de Mônaco pilotando um dos carros de John Cooper, provando que em mão habilidosas e em pistas favoráveis, mesmo um carro pouco potente pode ser competitivo.

Nico Fontana leva sua Cooper ao lugar mais alto do pódio no GP de Mônaco.