quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Os carros de 67: Lotus 49

De longe, o carro mais veloz da temporada e também do Grand Prix Legends.
Prova disso são os recordes mundiais do GPLRank, em sua maioria, feitos com uma Lotus 49.

Tudo começou com o fim dos motores de 1,5l para a temporada de 1966, Colin Chapman percebeu que precisava urgentemente de um motor potente e, principalmente, leve para seus carros. Apesar de Clark ter ganho o GP dos EUA de 66 com uma Lotus 43 equipada com o motor H16 da BRM, não era o bastante para a equipe.


Clark com o Lotus 43 equipado com motor BRM H16. O pesado propulsor não combinava com o leve chassi Lotus.


Em uma reunião com a Ford, Chapman convenceu os executivos que um investimento relativamente baixo traria anos de domínio na principal categoria do automobilismo mundial.
A Ford então delegou à Cosworth, companhia de dois ex-funcionários da Lotus, Mike Costin e Keith Duckworth, a tarefa de projetar e construir o motor planejado por Colin Chapman.
A grande novidade seria que o próprio motor seria parte integrante do chassi, a suspensão traseira seria montada no bloco do motor, um V8 em 90°e 32 válvulas (daí o DFV, Double Four Valvle), produzindo pouco mais de 400HP, e este seria montado no monobloco da Lotus 49, basicamente um 43 modificado.


Nessa foto, percebe-se como o pequeno motor encaixava-se perfeitamente no chassi.


O carro ficou leve, 500kg, o mínimo exigido na época, tinha a qualidade dos carros da equipe de Chapman e com o novo motor potente, o carro tinha a melhor relação peso/potência entre todos os competidores.



Um raio-x do Lotus 49.

Na GPL Brasil, a Lotus 49 é unanimidade quanto a velocidade. "Único carro a de fato fazer frente à Eagle. Tem um bom motor e uma boa velocidade máxima. Apesar disso, tem em curvas seu ponto mais forte, sendo o melhor carro em quase todos os tipos de pistas. Não é tão estável quanto a Eagle também e muitas vezes exige uma pilotagem agressiva para se chegar ao seu limite." diz Otávio Silvera. Raoni Frizzo, campeão à bordo da Lotus diz que "Em termos técnicos, o melhor carro do jogo. É ágil, muito veloz e não é arisco pra guiar." .


Ricardo Ramos vence o GP do México, da mesma maneira que Jim Clark venceu em 1967.

Nem tudo, porém, é perfeito. Um dos maiores problemas com os carros Lotus era, justamente, o fato de serem projetados por Colin Chapman. Para ele, a idéia de um carro de Grand Prix era que o carro deveria completar a corrida e se desmanchar logo depois de cruzar a linha de chegada. Caso isso não acontecesse, o carro estava forte demais, portanto, pesado demais.


Hill e a Lotus no famoso "Carrossel" em Nurburgring, apenas uma das curvas que forçava demasiadamente a suspensão dos carros.

Com o Lotus 49 não foi diferente. na estréia do carro, em Zandvoort, todos ficaram espantados quando Graham Hill fez a pole e Jim Clark ganhou a corrida. Porém, em uma época onde as pistas tinham saltos, ondulações, pneus enterrados ao lado da pista e zebras que mais pareciam meio-fios, as corridas seguintes proporcionaram um festival de quebras, tanto do motor como dos carros, principalmente a suspensão.
Assim como a velocidade, a falta de confiabilidade também é a opinião dominante entre os pilotos da liga.

Clark voa em Nurburgring. O frágil Lotus 49 não aguentava esforços como esse.

Raoni continua "O grande problema é que ele quebra uma barbaridade. Qualquer marcha errada ou giro mais alto do motor já é um perigo! Talvez por isso Clark não tenha vencido o campeonato de 67.". Caio Lucci é sucinto "Carro rapido e ágil, mas tem um motor de cristal que quebra muito fácil", e Onyas Claudio indica quem deve guiar o 49 "É o carro mais rápido, o que possui o melhor conjunto. Isso não quer dizer que seja o melhor. A fragilidade do motor exige uma direção mais sensível e conservadora. É um carro para Prosts ou Fittipaldis e não para Mansells ou Sennas. Em classificação é praticamente imbatível.".



O português Ricardo Gomes largou na pole, dominou e venceu a corrida em Silverstone de 2009 com o carro de Chapman.

Jim Clark ganhou quatro corridas em 1967. A corrida de estréia do Lotus 49, em Zanvoort, Holanda, o GP Britânico e as duas últimas corridas, quando o carro vinha ganhando confiabilidade, os GPs dos EUA e do México. O feito mais incrível foi que o carro largou na pole position em todas as corridas! Hill em Zandvoort e Clark em todas as restantes. "Jimmy" também abandonou as corridas tendo problemas sempre enquanto estava na liderança. Era, sem dúvida, o carro do futuro da Fórmula 1.

Nos três campeonatos disputados na GPL Brasil com o mod original do GPL, que retrata a temporada de 67, a Lotus domina o quadro de vitórias. Foi com ela que Caio Lucci obteve sua única vitória na primeira corrida da história da liga. Raoni Frizzo teve uma temporada espetacular em 2008 com o carro verde e amarelo, encaixando 5 vitórias seguidas e tornando-se campeão, com Otávio Silveira, também de Lotus na segunda metade da temporada, como vice, e em 2009 Ricardo Ramos, Thiago Lemos, Ricardo Gomes e Fernando Tumushi já venceram com o carro de Colin Chapman.

Após uma ferrenha batalha com Fernando Tumushi, Thiago Lemos venceu a corrida disputada em Roosevelt. Tumushi viria a vencer o GP Francês, também com a Lotus 49.

Para se ter idéia da revolução que o carro e seu motor causaram no automobilismo mundial, é só olhar na estrutura de qualquer carro de alta performance atual. Fórmula 1, Indy, protótipos, Ferraris, Lamborghinis, Koenigseggs, Bugatti Veyron e tantos outros. Todos usam o design bolada pelo homem do chapéu.



Criador e criatura. Chapman, aqui sem o "chapéu" se diverte guiando mais uma de suas fantásticas máquinas.

Na Fórmula 1, a Lotus foi campeã em 68, com Hill, em um Lotus 49 pouco modificado e mais resistente. A partir de 1969, quando a Lotus perdeu a exclusividade dos motores, a barragem foi aberta.
Pequenas equipes como Matra, Tyrrell, Surtees, March, Williams, Ligier, Fittipaldi e muitas outras podiam agora comprar ou fabricar seus carros e correr com motores potentes, confiáveis e relativamente baratos para assim, competir de igual para igual com Ferrari, Lotus, Brabham e McLaren.
Entre 68 em 74, os campeões pilotavam carros equipados com o Ford-Cosworth DFV, e entre 1967 e 1985 o motor obteve 155 vitórias em 262 Gps, deixando de ser competitivo apenas com o início da era turbo.

O motor Cosworth DFV acoplado ao chassi 49. Tal configuração ainda é utilizada hoje nos carros de alta performance de todo o mundo.

Para sentir a emoção de fazer parte do início de uma revolução, apenas o Grand Prix Legends e a Lotus 49 podem proporcionar isso hoje em dia.
Sem dúvidas, um ótimo carro.





Martin Brundle pilota o Lotus 49 em Silverstone alguns 40 anos depois da vitória de Jim Clark.

6 comentários:

Gray Fox disse...

"É o carro mais rápido, o que possui o melhor conjunto. Isso não quer dizer que seja o melhor. A fragilidade do motor exige uma direção mais sensível e conservadora. É um carro para Prosts ou Fittipaldis e não para Mansells ou Sennas. Em classificação é praticamente imbatível.".

Eu escrevi isso? Puxa que legal... às vezes eu até me surpreendo. Mas é verdade, é um carro para ser guiado com carinho, uma baita máquina!

John White disse...

Edu, achei todos os artigos sobre os carros 67 simplimeste fantásticos e fechou com uma chavona de ouro com esse último.

Sua estória da história do carro apresentou muitos detalhes interessantes e de forma bem rápida. Gostei da foto do Chapman rachando ao volante oque pra mim, sem dúvida é o melhor carro, mas um pouco difícil de ser pilotado de forma bem rápida...

Em Rouen eu abusei um pouco na primeira metade da prova e depois tive de segurar um pouco o ritimo para não correr riscos de quebra...
a propósito teremos notícias sobre a última? já que vamos partir para mais um ring?

Excelente!

Fernando Tumushi disse...

Edu, absurdo !!!! Parabens por esta matéria e por todas as outras sobre os modelos de 67.... òtimo referencial e de muito bom gosto !

Continue assim!

Raoni Frizzo disse...

Edu, parabéns pela série de postagens sobre os carros de 67! Sensacional...belo trabalho cara!

Sobre a Lotus, acho que os Cosworth foram um início de uma nova era na F1. Leves e potentes, faziam do bom chassi da Lotus um carro voador. O único porém mesmo era a confiabilidade, que em 1968 já melhorou bastante.

No GPL é o conjunto mais equilibrado....se souber tratar bem o motor, o caminho da vitória fica muito mais tranquilo.

Anônimo disse...

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