A temporada de 1967 ainda apresentava resquícios da mudança nas regras de 65 para 66, principalmente o aumento no limite da capacidade dos motores, de 1,5 para 3 litros, e isso ainda causava mudanças de carros no meio da temporada. Foi assim com a BRM, como já vimos num post anterior, com a Lotus, que veremos nalgum post futuro, e com a Honda.
Muitos achavam que John Surtees seria o homem a ser batido em 67 com a Honda RA273, a realidade, porém, foi diferente. O carro pesava quase 700Kg e tinha oponentes 200 quilos mais leves. Nem mesmo o ótimo piloto britânico poderia fazer muita coisa com o carro.
Surtees, em Mônaco com a RA273 pouco antes do motor quebrar.
Repare que já há fumaça saindo do carro.
Foi apenas faltando três provas para o fim da temporada que o carro japonês disponível no GPL ficou pronto. A Honda RA300 era 100Kg mais leve que sua antecessora e portava o mesmo motor V12 que produzia fantásticos 420 HP. O timing não poderia ter sido melhor, pois o carro estreou justamente em Monza, uma pista que, historicamente, favorece os carros potentes. Foi quando John Surtees, com toda sua habilidade e muita sorte conseguiu vencer sua única corrida em 1967. E que corrida! Mas vamos com calma caro leitor, teremos um post inteiro no futuro para discorrer sobre o GP italiano. Vamos nos conter, por hora, ao carro nipônico.
John Surtess passa à frente de Bruce McLaren em Monza, corrida que o britâncio ganharia.
Sua relação peso/potência é melhor que a da Brabham(!), porém o peso excessivo influencia negativamente nas curvas, como explica Otávio Silveira. "Em linha reta costuma ser muito rápido (vejam Spa e Monza) porém instável em frenagens e curvas. Assim como a BRM, dá muito trabalho em circuitos ondulados." Com certeza, a Honda não é o carro dos sonhos de nenhum piloto. Seja pela falta de história, quando comparamos com Lotus ou Ferrari, seja pela dificuldade de controlar o carro, como diz Raoni Frizzo "O motor é um verdadeiro foguete, mas o carro é muito pesado. O arranque é sofrível. Também é um pouco nervoso." ou seja simplesmente por ser uma Honda, que aparentemente é o que fez com que Hamilton Amorim tenha evitado o carro."Acho ele bonito, com aquelas curvas de escape, mas pra mim é o mais desinteressante".
A temporada atual da GPL Brasil viu a RA300 conquistar sua primeira vitória nas mãos do argentino Nico Fontana, justo na etapa inicial, em Kyalami, que passou a corrida toda sendo perseguido de perto por Dener Silveira, também com a Honda! Algo que contradiz o que muitos pensam do carro branco e vermelho.
Nico Fontana ultrapassa uma Eagle no fim da reta em Kyalami rumo à vítória.
Convenhamos, poucos sabem que a Honda competia na F1 em 1967, poucos sabem que ganharam duas corridas nos anos 60 (a primeira foi em 65, no México) e poucos conseguem imaginar o esforço da empresa de Soichiro Honda ao enfrentar, em solo basicamente europeu, os gigantes nomes da época muito antes de produzir as carroças pilotadas por Barrichello e Button em 2008 e 2007.
Esse é o grande barato do Grand Prix Legends! Poder simular uma corrida da época em que o que tomava conta das manchetes automobilísticas não era a política, e sim o espírito competidor que construtores, mecânicos e pilotos demonstravam.
Anderson Lopes escolheu a Honda RA300 para disputar o GP de Watkins Glen.
A Honda RA300 pode até ser o carro "mais desinteressante", "instável em frenagens e curvas" e ter um "arranque sofrível", mas tenha certeza de que, depois de muito treino, quando você consegue igualar, à bordo da honda, um tempo feito com algum outro carro em qualquer pista, você se sente como um John Surtees.
9 comentários:
Excelente post Edu!!!
Imagino que se a Honda tivesse conseguido colocar o RA300 mais cedo no campeonato o Surtees poderia ter incomodado bem mais o pessoal da frente.
Realmente o grave problema desse carro é o peso muito alto. Acab prejudicando a agilidade e fica muito difícil andar bem nos circuitos de baixa. Arrisco até a dizer que ela é pior que a BRM em pistas travadas, porque a BRM pelo menos tem uma marcha a mais, pra compensar um pouco.
Mas nos retões pelo menos ela anda demais! Tanto que a galera que vai de Honda em Monza sempre incomoda o pessoal da frente. E o barulho do giro alto do motor é sensacional!
hehehe pode crer, vou de honda em monza...
A Honda foi o carro com que eu comecei a correr no GPL. Hoje eu deixei ele meio de lado, mas foi muito importante para eu me acostumar com a dirigibilidade. Porque é difícil de guiar, melhor começar pelo mais complicado e ir facilitando.
Quanto à equipe real, ela foi heróica em disputar a F1 naquela época (anos 60) bem diferente da "vergonheira" deste início de século (apesar de ter começado bem...).
No Fórmula GP2 tive a oportunidade de conhecer a Honda, pilotando para a equipe de 64 a 66.
Um detalhe curioso foi que em 1966 a equipe evoluiu a cada corrida... o motor. Para cada nova etapa, vinha equipada com uma versão 2 ou 3hp mais potente, mas somente deixaram o carro mais leve para a última etapa, e mesmo assim pouca coisa.
Eu havia sido campeão de 65 com a Honda, vencendo as ultimas duas etapas, e depois comecei 66 sendo quase o último colocado por limitação no carro, tamanho era o peso, até o apelidei de tonelada ambulante. Mesmo com o motor mais potente, em 66 eu ficara 3 segundos acima do tempo de 65.
Só conseguiram mesmo pegar um pouco mais a mãe do carro em 1967, conquistando até uma vitória. E bom ter lembrado que aquela do Button na Hungria foi na verdade a 3ª vitória da Honda como equipe. A outra foi no México, em 1964 se não me engano.
Como sempre, deixa eu me corrigir aqui.
Não fi a primeira vitória de uma Hond na GPL Brasil, no GP de Mônaco de 2007, o Leu Menegucci ganhou a corrida e em segundo chegou o Rodrigo Suardi, também com a Honda...
Acho que foi isso...
E em seguida tivemos a corrida em Daytona, one todo mundo correu de Honda, logo, uma Honda também ganhou, e foi com o Ademir Azzi ao volante.
Já a vitória da Honda na F1 de verdade, foi em 65 mesmo, com o Gither pilotando. Aí mais uma em 67, com o Surtees, em 68 o Jo Schlesser morreu e a Honda saiu da F1. Deois voltou como equipe, ganhou só com o Button em 2007 na Hungria.
Credo.., escrevi que nem um porco...
Enfim.
Otávio é o Otávio Silveira, que corre com agente ou é outro Otavio?
É o Otávio que corre com a gente sim, o Silveira.
A Honda só passou a andar bem em 67 quando jogou fora seu chassi RA 273 e passou a correr de Lola ,este chassi RA300 é identico ao Lola Indycar a unica diferença se encontra na parte traseira onde ainda se utilizava longarinas para o motor Stok Block da Ford ,mas com a mudança o motor Honda mostrou seu valor na F1 vencendo justamente em Monza onde o motor girava alto o tempo todo.
Acho que Surtees teve grande influencia nesta relação entre Honda e Lola até porque o piloto foi da marca Lola no mundial de 62.
Este RA300 tinha o apelido de Hondola .
Jonny'O
Postar um comentário